Saudade
Luiz MacPontes
Luiz MacPontes
Enquanto a saudade meu corpo espanca
Me vem um anelo de te ver, te tocar,
O coração palpita, o sangue estanca,
E num délirio eu grito e calo, sem calar...
Ouves, contudo, um sigilo ululante,
Dizer-te eu quero, solene no ouvido,
Assim como eu enlouqueço, tão distante,
Sou pertinho de ti, estimado amigo
Talvez a razão apenas compreendas,
Nesta ausência estou pertinho e distante
Porquanto a vida são ciladas tremendas...
E a saudade é um teratismo gigante
Quiça, o sentido jamais entendas,
É complexo achar-se perto e distante
― Reflexo de ansiedades estupendas ―
Paradoxo de um coração amante
O instante há, que implacável chegar,
De contemplar o teu sorriso genuíno
Quando enlaçados em um amplexo ímpar
Exaurirmos nossa energia, menino
Ao sonhar com esse momento vindouro
Arrebatam-me a força e a coragem,
Para o homem prostrado ― sem sonhos d’ouro ―
O universo é patética miragem
Esperas-me também desperto, e sonhando
Com este dia de festividade e brilho,
Eu já me vejo quase, quase chegando,
Já estou sentido teu cheiro, meu filho
Milão 4/12/1984
Luiz MacAngelo