Amizade
Luiz MacPontes
Luiz MacPontes
Companheiro carioca, muito obrigado,
Camarada Suiça, merci bien, merci,
Ainda que o destino me seja velado
Bendigo os amigos dalgures e daqui
Se houve no pouco, unção ao sobejado,
Com maior ímpeto anelo agora exprimir
Minha gratidão, meu regozijo acanhado,
Meu lancinante pesar por haver que partir
Perdão se molestei por falta de recato,
Se houve falcão entrajado de bem-te-vi...
Adeus ao frio e ao refúgio perfumado
De chocolate, raclette, fondue e rösti
Despontou dos encantos sincera amizade,
E dos prantos irrompeu um riso atômico
― Lenitivo para a gregária humanidade!
Meu brinde errante, solene e sinfônico
Homem ― escravo da sempiterna plumagem ―
Das entranhas do trágico dá-se o cômico,
Pois que o sudário da vida sela a passagem...
―Vai-se o fôlego num suspiro lacônico!
Deixa, pois, vibrar uma nota suspensa
Que na amplidão sibilina há de cintilar
Para que prorrompa ― em nós ― a vontade imensa
De ver a intensa glória da estima brilhar
Luiz MacAngelo