Maria Rita
Luiz MacPontes
Luiz MacPontes
A língua que te louva e que te insulta,
Desesperadamente louca, oculta,
O sabor sófrego ― sabor consueto ―
De almejar ser, debalde, o dileto
Senhor das tuas cândidas alegrias
Aquele sobre quem teu expressivo olhar
Pousaria ditoso, condenado a brilhar
O brilho faustoso, límpido e repleto
De inefável paz e explícito afeto
― Vector das tuas épicas fantasias
Se cada desejo se realizasse,
Se o ontem com o amanhã se casasse...
Tu me serias um Tálamo garrido
De esperança, bálsamo ao condoído,
― Credor das tuas fúlgidas simpatias
Serias um lampejo a eternizar-se
Se a luz da tua imagem penetrasse
De lés a lés meu íntimo compungido,
E se o deleite calasse meu gemido,
― Tenor das tuas lépidas melodias
Como se a voz do medonho sublimasse...
E da corrupção derradeira brotasse
O relho cúmplice do amor ― o cupido ―
Sem arco, sem flecha e enternecido
― Licor das minhas cálidas euforias
Oh! De que valeram o pranto profano
E os soluços secretos de Cyrano?
― Servo do amor platônico e seleto ―
De cuja prima Roxane era objeto,
― Primor das suas líricas poesias
Foge do beijo que conduz ao engano!
― Ósculo pérfido do gênero humano ―
Que embriaga o mais sóbrio e discreto
Dos legítimos filhos do desafeto
― Autor das nossas crônicas agonias
Luiz MacAngelo